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A Banheira do Gugu e o fim da democracia brasileira

Programas de auditório dos anos 90 e autoritarismo político.

Se você não está familiarizado com os anos 90/início dos anos 2000 é bom saber que o quadro, composto por homens e mulheres em trajes de banho, ia ao ar enquanto da família brasileira mastigava a macarronada de domingo. O objetivo: vencer a aposta de quem pegava mais sabonetes.

Os programas de auditório da TV brasileira foram o maior celeiro de fetiches e traumas sexuais de nossa história recente. Desde as Chacretes, passando pela nave psicodélica da Xuxa (e todo um panteão de apresentadoras infantis que representavam diferentes fetiches masculinos), até o limite da sanidade de programas como o Domingo Legal, a TV brasileira sempre foi o ambiente onde, como diria Lacan, o não dito poderia ser expressado nas entrelinhas.

Esse tipo de atração cumpria a função social de reforçar semanalmente que o lugar do macho brasileiro estava resguardado e que sua vontade não seria contrariada. No imaginário masculino aquilo tudo era uma libertinagem permitida, que não violaria as regras da religião ou da família, pois vinha disfarçada de diversão inocente.

Enquanto nossos pais coravam de vergonha numa cena de novela com um beijo um pouco mais quente, era totalmente normal assistir mulheres tomando banho numa taça gigante com camisetas brancas semitransparentes, closes ginecológicos em bailarinas de axé ou crianças rebolando de modo muito (MUITO) sexualizado em direção de garrafa. Não era raro que logo após uma sessão erótica molhada ao vivo as atrações seguintes fossem padres ou cantores gospel promovendo a benção da família.

Então, no alvorecer dos anos 2000, veio o 11 de setembro, a guerra ao terror, as redes sociais, o capitalismo de vigilância e o fim da Banheira do Gugu.

David Hopkins escreveu um texto muito popular no Medium sobre como o fim de Friends marcou o início da decadência ocidental. Exagerado? Sim, mas há algo de verdadeiro aí.

Friends representava um produto cultural americano sólido e destinado a um público intelectualizado, com piadas elaboradas, que abriria o caminho para um novo tipo de humor. O encerramento da atração era, de certo modo, a marca do fim de uma mentalidade e coincidia com uma era marcada pelo desespero da fama: Paris Hilton, Kardashians e youtubers mergulhados em banheiras de Nutella.

A estética dos programas de auditório da TV brasileira também foi abalada com a chegada da internet. Numa sociedade mais conectada, onde temas como objetificação da mulher, machismo e pluralidade sexual passaram a ser debatidos mais amplamente, não cabia mais o discurso da mulher que sorri para a câmera o tempo todo enquanto rebola de biquini. E então, tal qual Friends, a Banheira do Gugu perdeu a relevância, mas aquele sentimento continuaria represado.

O homem branco de direita, vestido com camisa verde e amarela, gritando pelo fim do STF e volta do AI-5 foi uma criança órfã da Banheira do Gugu. Junto com essa frustração do macho branco, veio a idolatria da super masculinidade, das armas e do jeito norte-americano de viver como expressão de revolta contra uma sociedade brasileira “igualitária demais”. O coach que ensina como ser masculino é um exemplo de como boa parte do universo macho brasileiro perdeu seu ponto de referência quando a misoginia deixou de ser algo banal.

O macho branco frustrado é uma arma de destruição em massa. O jovem que babava olhando os seios pulando no meio da espuma continua vivendo até hoje a interrupção transcendental de um coito imaginário com uma mulher ideal que não existe. Em resumo: estamos pagando a conta da terapia de um monte de gente frustrada que chegou ao poder.

No começo dos anos 2000, e pelos anos seguintes, mais e mais homens brancos, sem planos pessoais e extremamente recalcados, passaram a consumir doses cavalares de vídeos de extrema direita no Youtube. A maioria desse conteúdo era de gurus da autoajuda, nomes que dariam origem ao movimento coaching e a ideia de que qualquer pessoa com boa oratória e um canal online sabe mais do que qualquer especialista. Para Roose, o que o Youtube e as redes sociais estão fazendo de fato é um tipo de melodrama do ódio coletivo. Quando você está frustrado sozinho no seu quarto você é um perdedor, quando está frustrado ao vivo na internet com milhares de seguidores você é um digital influencer.

No Brasil esse movimento elegeu uma dezena, talvez mais, de youtubers alimentados por polêmicas, racismo, discurso de ódio e todo tipo crime. O motor desse movimento está na frustração, mas também no sentimento de que as mídias tradicionais não representam mais a vontade das pessoas “de bem”. A TV de certa forma amadureceu, enquanto a internet passou a acolher uma legião de insatisfeitos amedrontados por qualquer tipo de diferença.

O pato da FIESP — outro símbolo ligado à… banheira?

Durante os anos 2010 vimos pela primeira vez, desde a ditadura militar, o discurso de ódio propagado em rede nacional como atração principal. Vale lembrar que muito antes de ser eleito o presidente Jair Bolsonaro foi um assíduo participante de programas de auditório.

O que vemos nos anos 2010 até a o impeachment de Dilma Rousseff é uma virada na forma como a TV passou a dialogar com o espectador — principalmente o homem, branco, jovem e frustrado com a política. Para concorrer com o Youtube, saíram as gostosas ensaboadas e entraram os programas que chamados de pulsão de morte televisionada.

Disso saltamos para os patos infláveis de borracha amarela sacolejando no meio da avenida Paulista, símbolos de grupos neonazistas ucranianos inseridos discretamente em manifestações contra a democracia, estátuas da liberdade feitas em fibra de vidro na porta das lojas Havan, retratos de Sérgio Moro feitos com balas de fuzil e símbolos templários e da monarquia ao lado de manifestantes vestidos de verde e amarelo. Bonecos do personagem Scarface e cartazes pedindo a volta do AI-5.

Enquanto vivemos uma crise política, sanitária e social, assistimos também a uma crise estética e psicológica, criada em torno do conceito que o macho brasileiro perdeu o seu espaço. De certa forma os anos 2000 nunca acabaram.

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